Aumenta uso do crack aliado à prostituição, afirma infectologista Notícias sobre drogas e álcool - Site Antidrogas
O uso do crack na adolescência está rendendo inúmeras discussões. Matéria divulgada na edição de ontem do Jornal da Cidade abordou o sofrimento que, principalmente, crianças e adolescentes vivem para conseguir deixar o vício.
Muitas pedem a conselheiros tutelares de Bauru para serem internadas em clínicas. O que poucos sabem é que o uso da droga aliado ao vício gera outro problema na sociedade: a prostituição. E essa prática resulta muitas vezes na prática do sexo sem o uso de preservativos, o que pode levar à contração da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou seja, a aids.
Quando a doença, que é causada pelo vírus HIV, foi descoberta já em ascensão na década de 80, de acordo com o Ministério da Saúde, os pacientes soropositivos geralmente adquiriam a patologia através de, além da relação sexual sem o uso de preservativo, também por meio do uso de drogas injetáveis, muito “populares” na época.
A sociedade mudou e, segundo a médica infectologista Maristela Pastore, que também é chefe do Centro de Referência de Moléstias Infecciosas de Bauru, o uso do crack tem levado muitos adolescentes a “abrirem as portas” para a aids novamente. “Nós sabemos que muitas adolescentes que não possuem poder aquisitivo se prostituem para conseguir a droga”, afirmou Maristela.
Na tarde de ontem, esse foi um dos assuntos discutidos na quinta edição do encontro “Vivendo e Convivendo com HIV-Aids de Bauru”, realizado pela Sociedade de Apoio à Pessoa com Aids de Bauru (Sapab). Adolescentes participantes do grupo de teatro da entidade, que também atende crianças carentes das diversas comunidades, fizeram uma apresentação no evento realizado no auditório da Câmara Municipal.
Ela aponta que na instituição ainda não foi constatado nenhum caso de soropositivo que tenha adquirido o vírus por meio da prostituição, aliada ao consumo do crack. Entretanto, revela que muitas pacientes aparecem por lá com sífilis. “O que a gente percebe é que muitos aparecem por lá por conta da sífilis que adquiriram nas ruas. Mas o número de usuários de crack aliados à prostituição vêm aumentando” aponta.
A médica infectologista explica que, hoje, dificilmente se contrai aids em consequência do uso de drogas injetáveis. “Chegam muitos usuários de crack no centro. Dificilmente nós atendemos usuários de drogas injetáveis. O maior problema é que essa droga está em qualquer lugar e o usuário a encontra com facilidade”.
Álcool
Maristela ainda ressalta que o uso abusivo do álcool também é um agravante que facilita a transmissão do vírus HIV. “Muitas pessoas que fazem uso abusivo de álcool deixam de usar o preservativo na relação sexual. Geralmente porque acabam esquecendo devido ao grau de embriaguez e isso acaba facilitando a transmissão do vírus HIV”, ressaltou.
Base familiar
A médica infectologista Maristela Pastore, que também é chefe do Centro de Referência de Moléstias Infecciosas de Bauru, opina que uma boa base familiar evita muitos problemas aliados ao consumo do crack. “Uma criança ou adolescente que parte para o consumo do crack muitas vezes chega a esse ponto porque a família é desestruturada. Por isso, mais do que tratar dessas crianças é necessário trabalhar também com a base familiar”, opina.
Projetos sociais
O problema do uso do crack, para especialistas, entre eles médicos e psicólogos, é mais do que social e de saúde, é de condição de sobrevivência, como afirmaram na matéria veiculada na edição de ontem do JC que trata o assunto com profundidade. Para a médica infectologista Maristela Pastore, que também é chefe do Centro de Referência de Moléstias Infecciosas de Bauru, projetos sociais aliados ao recebimento do Bolsa Família, por exemplo, poderiam fazer com que essas crianças conhecessem mais o trabalho dessas entidades.
“Poderiam ter direito ao Bolsa Família aquelas crianças ou adolescentes que frequentassem corretamente os projetos sociais em que estariam inscritas. Assim elas poderiam deixar de ficar tanto nas ruas e conheceriam mais de perto o trabalho dessas entidades”.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
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